“O mundo moderno conheceu o desenvolvimento da revolução científica, a ascensão das ciências naturais e, mais tarde, a ascensão das ciências sociais como a economia, a história, a sociologia e a psicologia. Vivenciou a revolução industrial e a formação de Estados cada vez mais centralizados e burocratizados. Experimentou a emergência do capitalismo e de uma capacidade produtiva inaudita que transformou a vida humana, criando as condições para um grande aumento populacional e a elevação espantosa do padrão geral de vida e das expectativas do homem. Em todo esse contexto, a visão do conhecimento sofreu profundas transformações, e um elemento fundamental nisso foi que, para os filósofos modernos que formaram as ideologias do culto do saber científico, o conhecimento passou a ser explicitamente identificado com o poder: o poder de prever os fenômenos naturais e transformar a natureza; de manipular e utilizar as forças da matéria, colocando-as a serviço do aumento progressivo do bem-estar humano; mas poder também de prever e conduzir as dinâmicas sociais na direção de ideais de aperfeiçoamento humano ditados por ideologias utópicas. Tudo isso em um quadro de crescente secularização, ou seja, da perda da fé no transcendente enquanto fonte de limite e orientação para as ambições humanas, e do surgimento de novos ídolos para os quais o homem, animal essencialmente metafísico, passou a dirigir suas demandas viscerais de sentido, orientação e salvação.”.
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